Por Sidnei Batista para o RH.com.br
O tema liderança está em destaque há alguns anos e, certamente, permanecerá como foco da atenção do universo corporativo por muito tempo. Nada mais natural quando consideramos a complexidade atual do mundo do trabalho, os desafios sócioeconômicos da globalização, a compreensão das empresas como espaços de desenvolvimento e realização tanto profissional quanto pessoal, o avanço de novas tecnologias, entre outras questões. As empresas necessitam de lideranças capazes de conduzi-las rumo a seus objetivos estratégicos, superando todas as dificuldades e cumprindo sua missão e visão.
As crises que temos visto ao longo das últimas décadas tornaram demasiadamente claras as diferenças entre lideranças reais e lideranças abstratas ou pseudolideranças. Poderíamos listar vários exemplos de conflitos armados nacionais e internacionais à quebras de grandes instituições em inúmeros setores da economia, de tragédias humanas causadas por incompetência na organização do socorro às vítimas de desastres naturais a transições políticas turbulentas.
Lembremos, por um instante, de lideranças reais como Nelson Mandela na transição de um regime racista para uma democracia multirracial na África do Sul, de Zilda Arns na fundação e organização da Pastoral da Criança atendendo quase dois milhões de crianças brasileiras em situação de risco social ao longo de 25 anos. Ou de Muhammad Yunus, Prêmio Nobel da Paz em 2006 por seu trabalho de oferecer microcrédito para populações pobres em Bangladesh sem exigir garantias de pagamento.
Infelizmente, as pseudolideranças também surgem na memória, como na demora do socorro aos flagelados pelo furacão Katrina nos EUA, nos crimes contra a humanidade nas guerras entre as repúblicas da antiga Iugoslávia e entre os principais grupos étnicos em Ruanda, na crise econômica mundial de 2008-2009 gerada a partir da bolha imobiliária norte-americana etc.
Em todos estes casos, lideranças reais transformaram para melhor a vida em suas respectivas coletividades, o que não se pode dizer das pseudolideranças. Mas, afinal, quais as diferenças entre líderes reais e pseudolíderes? O que forma uns e outros? Ao nos voltarmos às organizações, poderíamos acrescentar mais questões: como as mesmas podem encontrar e/ou preparar seus líderes? Quais referências podem ajudá-las na tarefa?
Tais perguntas são absolutamente pertinentes e merecem nossa atenção. Vamos tratar disso a partir de agora. Começamos definindo um líder real: é aquele capaz de inspirar o pensamento e o comportamento das pessoas. Sua presença e sua atuação conduzem as pessoas e equipes ao seu redor, mobilizando-as e gerando avanços qualitativos. Um pseudolíder, ao contrário, não inspira coisa alguma, e sua presença geralmente passa despercebida.
É fácil identificar uns e outros, nós crescemos convivendo com ambos. Basta um esforço de memória para resgatar os professores que tivemos. Aqueles professores que nos marcaram certamente eram líderes reais, e exercitavam sua liderança na área da educação inspirando pensamentos e comportamentos nas crianças, nos adolescentes e na comunidade escolar de forma geral.
No entanto, um líder não nasce pronto, como muitas vezes ouvimos, e não encontra suas qualidades de repente. Ele se faz ao longo de uma história de vida, com permanente aprendizado e vontade de avançar. Investe em si mesmo, e se torna melhor passo a passo. Isso explica porque grandes líderes atingem seu máximo reconhecimento na maturidade. São como os ótimos vinhos: quanto mais maduros, melhor!
Há, em minha opinião, um conjunto de cinco competências essenciais ao líder. Estão classificadas de forma didática em blocos complementares para facilitar sua visualização: competência ética, intelectual, comercial, comunicacional e empreendedora.
Sucintamente, falaria da capacidade de mobilizar o que há de melhor em cada liderado pela competência ética, o exemplo de comportamento diante das situações sempre encontrando formas de lidar respeitosamente com as referências alheias, enquanto as sintoniza as suas próprias; pela competência intelectual, o domínio do assunto com o qual trabalha e a capacidade de pensar e decidir; pela competência comercial, expressa no saber navegar nas pressões do mercado encontrando rotas firmes rumo aos resultados; pela competência comunicacional, com a qual consegue estabelecer contatos, gerar parceiros, criar vínculos e reunir as diferenças; e pela competência empreendedora, sem a qual jamais poderia transformar suas potencialidades em ação.
Fonte: http://www.rh.com.br/Portal/Lideranca/Artigo/6908/o-grandelider.html
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