Enquanto escrevo a vocês, está em terras haitianas o nosso querido Hender, aluno da décima turma do CPO/PTC. Como obreiro da JOCUM, Hender viajou com a missão de consolar pessoas (especialmente crianças) e ajudar na reconstrução do país. Que possamos sustentá-lo com nossas orações!
Antes de viajar, Hender passou para mim alguns relatos enviados desde Porto Príncipe, a capital do país, pelo Ricardo, também obreiro da JOCUM, que lá estava. Ouçam seu testemunho:
02.03.2010 - “... uma das moças da nossa equipe fazia brincadeiras com as crianças, e perguntou qual era o sonho da vida delas. Uma garota respondeu: ‘Quero ser médica’. Um garoto: ‘Eu, engenheiro’. Um terceiro menino respondeu; ‘Meu sonho é ser branco!’.
Na hora eu até achei engraçado... mas, pensando, refletindo na resposta dele, na verdade é muito triste. Esse menino quer ser qualquer coisa, menos um haitiano negro. Os brancos recebem ajuda, têm carros novos, aviões, água, comida, remédios, médicos... tudo o que os negros não têm. A conclusão dele é muito simples: ser branco seria a melhor coisa que poderia acontecer para ele. O sonho da vida dele é ser qualquer pessoa, menos ele mesmo...”.
03.03.2010 – “Hoje fomos à Base Militar do Brasil, aqui no Haiti. Amanhã temos agendados mais atendimentos clínicos. Estávamos um pouco frustrados porque não tínhamos conseguido nenhum remédio a mais para levar conosco.. Os que levamos no atendimento anterior eram os que trouxemos do Brasil, e estavam acabando.
Chegando ao portão dos acampamentos militares, encontramos soldados nepaleses. Assim que os vi, eu os saudei com ‘Namastê!!!’. Eles sorriram para nós, e seguimos até à entrada da base do Brasil. Lá, o Wesley (que já serviu o Exército) conversou com o sargento da portaria e explicou a situação e a necessidade dos remédios que precisávamos para atender a comunidade. Este sargento foi muito solícito e nos mandou conversar com o Tenente Coronel Roberto, médico encarregado dessa área. Ao chegarmos à sala dele, explicamos a situação da comunidade. Ele disse que poderíamos conseguir os remédios, sim, mas que primeiro iríamos almoçar.
Após o almoço o Major Magno, que é da Escola Preparatória de Cadetes (Campinas, SP), nos acompanhou até o depósito de remédios. Ele nos deu caixas e caixas de remédios do Brasil. Alguns desses remédios nem estavam na nossa lista, mas ele sugeriu que os levássemos mesmo assim. De tudo o que tinha disponível, foi extremamente generoso em nos ajudar. Ele, inclusive, disse: ‘Da próxima vez, venham com um caminhão maior, para levarem mais coisas!’. Ele anotou o nome da JOCUM e disse que, se precisássemos de mais medicamentos, era só ir buscar, pois o nome da missão ficaria no sistema.
Ficamos estarrecidos com a generosidade dos militares brasileiros. Inclusive a Kim, uma canadense que está aqui coordenando os trabalhos da JOCUM. Chegamos de volta ao orfanato com a van lotada de medicamentos, e passamos a tarde separando-os para levá-los amanhã.
Agradecemos a Deus a provisão. Hoje nossa casa está cheia de remédios doados pelos brasileiros para o povo haitiano. Amanhã, vamos levantar cedo para montar novamente a clínica na comunidade.
Um grande abraço a todos.
Obrigado, Deus, pela provisão!
Obrigado, Tenente Coronel Roberto!
Obrigado, Major Magno!
Obrigado, Brasil, pela mão estendida!”.
Que possamos continuar orando pelos nossos irmãos que procuram levar Socorro e Esperança aos haitianos, aos chilenos, aos cubanos... e a tantos outros que vivem “sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Ef 2.12).
Extraído da carta missionária do Pr. Luiz Ricardo
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