quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Nem tudo na vida são flores


Ronaldo Araújo (ex-aluno) repartiu comigo experiência vivida pelo pastor batista Francisco Motta Neto, que serve ao Senhor junto à capelania do HC-UNICAMP. Confesso que chorei, pensando no lado difícil do ministério, tão bem descrito por esse irmão. Servir ao Senhor é a melhor coisa que existe, sem dúvida alguma! Todavia, esse trabalho inclui momentos extremamente dolorosos. É mister que cada um calcule o preço!

“Quando eu cheguei na Enfermaria de Pediatria, me avisaram que o Ricardinho estava morrendo. Esse garoto de 3 anos, lindo, tinha uma doença crônica e por essa razão estava internado ali no HC-UNICAMP. No dia anterior ele fora levado para a UTI porque a infecção que o acometera em um procedimento, estava tomando conta do seu frágil corpo.

A família já havia sido avisada e estava a caminho, mas como moram longe, iam demorar. Diante disso decidi que eu não ia deixá-lo morrer sozinho, e por isso fui para lá. Mesmo sabendo que o Ricardinho estava sedado, fui para ficar ao lado dele.

A enfermeira entendeu e aprovou meu intento, permitiu minha presença, me ajudou a me instalar ao lado do berço, me pediu que anotasse a hora em que ele parasse e nos isolou com um biombo.

Por duas horas e pouco ficamos a sós, eu e o Ricardinho.

O silêncio era gostoso e aconchegante.

Por trabalhar há muito tempo no hospital, eu sei ler os números mais básicos daqueles aparelhos da UTI, e os mesmos indicavam que o garoto estava cada vez mais fraquinho.

Algumas vezes eu falava baixinho com aquele meu amiguinho tão amado. Ele não me respondia como das outras vezes, mas nem precisava, pois eu só queria que ele soubesse que eu estava ali.

Muitas outras vezes eu falava baixinho com Deus. Ele também não me respondia, mas nem precisava, pois eu sabia que Ele estava ali.

O silêncio só foi quebrado quando um dos aparelhos emitiu baixinho um alarme contínuo. Era o fim.

Olhei para o relógio, desliguei o alarme, e fiquei mais um tempo ali, segurando a mãozinha dele, chorando.

Jesus disse: “Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus” (Mt 19.14).

O Ricardinho chegou lá no céu às 15:37 horas, pelo meu relógio.”

Pr. Luiz Ricardo

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